segunda-feira, 25 de julho de 2011

Imagine ser a História..

Contador de História é quase um ator (ou é por completo??) Porque ele interpreta cada personagem da história que for contar, e veste o ridículo e a fantasia para criar e dar vida as personagens, tempo, espaço e todo o contesto da história.
Devemos, portanto, ter inspiração, e indico os clássicos humoristas Barbixas.
Ao assistir Repare em como incorporam os personagens, e utilizam o recurso das vozes. 
Ser encantador de palavras requer treino. Mas além disso: requer imaginação!

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Quem Gosta de Uma História de Terror??

Olá pessoal! Esse mês nos divertimos muito com uma galera linda!


As crianças ficaram perdidamente apaixonadas pela história do "TIO LOBO" - Xose Ballesteros - Alguém conhece? Aqueles que já ouviram a história contada por mim podem perguntar: mas Mirian, está diferente! Observação amores: Cada um deve honrar o escritor (nunca esquecer disso), mas a história ao ser contada deve fazer parte de você! E ao fazer parte de você ela ganha, adquire características próprias!!! Só assim a história realmente tem vida e apenas assim você conquista seu público! A história, portanto, deve conquistar primeiro VOCÊ!






Boa Leitura e Divirta-se!
"E Zás! - O Lobo Comeu A Carmela!"

domingo, 17 de julho de 2011

Estatuto de Igualdade Social - Lei 10.639/03

A lei 10.639/03 prevê igualdade social entre os ditos brancos e os negros, tornando o ensino da cultura negra obrigatório, dentro das instituições de ensino. Abordando temas da literatura, cultura, costumes... com a intenção de desmistificar a ideia de negros que o brasileiro possui: do tronco, de escravo e de sofrimento. Em suma, de inferior. Pois queira ou não, gostem ou não, a verdade pura é que boa parte dos brasileiros ainda são racistas, e se muitos não demonstram abertamente, e isso não quer dizer que não demonstrem de forma velada, é porque na sociedade atual esses comportamentos são vetados. Cabe aos professores que possuem uma visão aberta para o mundo e para a critica, iluminarem seus alunos, mostrarem o negro da Africa, da Literatura, da Cultura, um negro que vive e que é, indubitavelmente, um ser humano.
Leia Mais: Contos Africanos


 http://www.simposioestadopoliticas.ufu.br/imagens/anais/pdf/CP01.pdf


 http://www.uel.br/ceca/pedagogia/pages/arquivos/FABIANE%20ANDREA%20DA%20SILVA.pdf



A cultura afro é simplesmente maravilhosa. Em meio a uma guerra civil que prejudicou o país, muitos poetas ergueram suas vozes e clamaram por seu povo, por sua terra. Abrangendo temas como sofrimento, dor, ser africano, amor, saudade, mãe-África... Entre eles podemos citar: Jorge Barbosa, Alda Lara, Agostinho Neto, José Craveirinha, Francisco José Tenreiro.
 Mas o que é mais encantador ainda, são as histórias infantis que as negras contam aos filhos, histórias essas que encantam quem as ouve, e como forma de valorizar essa cultura linda, de um povo bravo e sofredor, vai uma dica de histórias afros:

AS TRANÇAS DE BINTOU


Sylviane Diouf, tem como título original “Bintou´s Braids”, traduzida por Charles Cosac e ilustrada por Shane W. Evans, Editora Cosac Naify, 2004.

Meu nome é Bintou e meu sonho é ter tranças.
Meu cabelo é curto e crespo. Meu cabelo é bobo e sem graça.
Tudo o que tenho são quatro birotes na cabeça.
Às vezes, sonho que passarinhos estão fazendo ninhos na minha cabeça. Seria um ótimo lugar para deixarem seus filhotes. Aí eles dormiriam sossegados e cantariam felizes.
Mas a maioria das vezes eu sonho mesmo é com tranças.
Longas tranças, enfeitadas com pedras coloridas e conchinhas.
Minha irmã, Fatou, usa tranças, e é muito bonita. Quando ela me abraça, as miçangas das tranças roçam nas minhas bochechas. Ela me pergunta: “Bintou, por que está chorando?”. Eu digo: “Eu queria ser bonita como você”. “Meninas não usam tranças. Amanhã eu faço novos birotes no seu cabelo.” Eu sempre acabo em birotes.
Nesta manhã, vovó Soukeye está vindo nos visitar para o batizado de meu irmão, que hoje completa oito dias. Mamãe me pediu para ir buscá-la. E aqui está ela, com seu lindo vestido azul.
Vovó Soukeye sabe de tudo. É o que mamãe sempre diz. Ela me explicou que os mais velhos sabem mais porque viveram mais, e por isso aprenderam mais. E, já que a vovó sabe tudo, eu lhe pergunto por que meninas não podem usar tranças.
“Há muito tempo, existiu uma menina chamada Coumba que só pensava no quanto era bonita”, vovó diz enquanto afaga minha cabeça. “Todos a invejam, e ela foi se tornando uma menina vaidosa e egoísta. Foi nessa época, e por isso, que as mães decidiram que as crianças não usariam tranças, só birotes, porque assim elas ficariam mais interessadas em fazer amigos, brincar e aprender.”
Vovó me acaricia e diz: “Querida Bintou, quando for mais velha, você terá bastante tempo para a vaidade e para mostrar a todos a bela mulher que será. Mas, agora, querida, você ainda é apenas uma criança. Poderá usar tranças no momento adequado.”
Nessa noite, sonho que sou mais velha, que tenho dezesseis anos e uso tranças com conchinhas e pedras coloridas. Quando balanço a cabeça, o sol me segue, e eu brilho como uma rainha.
Quando acordo, me olho no espelho. Ainda sou a Bintou com quatro birotes na cabeça.
Hoje, nosso jardim está cheio de gente, todos trajados com suas melhores roupas. Antes da festa começar, tia Safi raspou a cabeça de meu irmão para apresentá-lo a todos. Papai e mamãe sussurraram para Serigne Mansour – que, por ser mais velho, lidera o ritual – o nome que haviam escolhido para meu irmão. Após fazer uma reza breve no ouvido do bebê, ele anuncia a todos: “O nome da criança é Abdou”.
Agora podemos comer e nos divertir. Peixe, arroz, carneiro, um pouco de tudo. Experimento o bolinho de peixe com molho apimentado, que queima minha língua. Como só bolinhos fritos açucarados e papaias.
Observo as mulheres por trás da mangueira. Fatou, minha irmã, está junto delas. Fatou passou um óleo perfumado em seus cabelos que os faz brilhar e ajuda a trançá-los apertados.
As amigas de mamãe usam franja trançada, com moedas de ouro na ponta.
Dizem que isso é para mostrar a nós, crianças, como nossos tataravôs, que nunca conhecemos, penteavam o cabelo.
As tranças de tia Ainda levaram três dias para serem feitas. São tantas que nem Maty, minha irmã mais velha, consegue contá-las.
Mariama, que estuda na cidade, e sua amiga têm tranças tão longas que chegam na cintura.
A amiga dela não é daqui, eu deduzo por seu sotaque.
Quando lhe ofereço papaia, ela diz: “Eu me chamo Teresa, e sou brasileira”. Eu lhe pergunto se as garotas brasileiras usam tranças. “Muitas usam, e põem prendedores coloridos em cada uma.”
A brasileiras devem ser lindas...
A mulher sorri e balança suas tranças.
As miçangas soam como a chuva. E tudo o que tenho são quatro birotes sobre minha cabeça. É triste.
Ando pela praia, como sempre faço, quando quero ficar só. O lugar é muito sossegado. Escuto apenas o barulho das ondas, o vento nas palmeiras e os pássaros. E depois, ouço gritos. Quando olho, vejo dois garotos acenando e gritando, pois a canoa deles está afundando. Eu tenho de encontrar os pescadores rápido, muito rápido.
O caminho até a vila é largo e plano. Mas irei mais rápido se pegar um atalho através da mata. Ninguém usa esse atalho porque a plantas são espinhosas e as pedras, pontiagudas. Eu corro e pulo o mais ligeiro que posso.
“Bouba e Yaya estão se afogando”, grito ao chegar.
Os pescadores correm para a praia levando uma canoa. Eles remam rápido, muito rápido, e jogam uma corda para salvar os meninos.
Na vila, todos me rodeiam: tia Alimatou, a mãe de Bouba e de Yaya, traz biscoitos para mim. Mamãe me diz: “Você é uma menina corajosa. Se tivesse escolhido o caminho mais fácil, teria chegado tarde. Você salvou esses meninos. Por isso, vamos lhe dar um prêmio. Diga-nos o que você mais deseja,”
Antes que eu possa falar, Fatou diz: “Ela sonha com tranças”. Mamãe acaricia meu cabelo, do qual só restavam dois dos birotes. Os laços que prendiam os outros dois se soltaram enquanto eu corria pela mata.
“Então você terá suas tranças.”
Nessa noite, sonho que uso tranças e que o sol me segue. Vejo uma menina sentada no alto de uma árvore. Passarinhos amarelos e azuis se aninham em seu cabelo. O cabelo dela é tão bonito que todos se juntam debaixo da árvore e lhe sorriem. O sol para de me seguir e brilha nas penas dos pássaros e no belo cabelo onde eles se aninham.
De manhã, vovó Soukeye me chama em seu quarto. Ela me diz para sentar no chão, entre suas pernas. Ela passa um óleo perfumado em meu cabelo. “Você é uma menina muito especial”, sussurra. “Seu cabelo será tão especial quanto você.” Eu conto a ela que tia Awa estava vindo para fazer tranças no meu cabelo. Mas ela diz: “Quieta”. Sinto seus dedos rápidos e rasteiros, parece que ela está fazendo birotes. Quando termina, não tenho coragem de olhar para o espelho que ela segura à minha frente.
Vovó pede: “Abra seus olhos, querida Bintou”.
É quando vejo pássaros amarelos e azuis em meu cabelo. Foi-se a menina sem graça com quatro birotes na cabeça. No espelho, aparece uma garota com um lindo cabelo olhando para mim.
Eu sou Bintou. Meu cabelo é negro e brilhante.